segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Pico do Tira Chapéu










Minha aventura começou em São José do Barreiro ( SP ). A cidade é o portal de entrada para o Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Visual da pequena São José do Barreiro que fica a 510 m de altitude.
Já havia subido a Serra da Bocaina diversas vezes, mais o principal me faltava que era a conquista do ponto culminante, o famoso Pico do Tira Chapéu.




A estrada de acesso está quase toda asfaltada. 

É possível avistar a torre de transmissão que fica localizada a 1780 m de altitude.


Chegada ao ponto mais alto da estrada a 1700 m de altitude.

Próximo da estrada fica a torre de transmissão que avistamos durante a subida e possui um visual impressionante do Vale do Paraíba e Mantiqueira.

Do alto dos 1780 m de altitude avistamos a represa do funil e os maciços de Itatiaia , Serra Fina e Marins. 





 A Serra da Bocaina ocupa uma grande área, abrangendo os municípios paulistas de Cunha, Areias, Silveiras, São José do Barreiro, Arapeí e Bananal e os municípios fluminenses de Paraty e Angra dos Reis. Possui uma riqueza inestimável de flora e fauna e grande variação climática. Podemos encontrar paisagens distintas, desde florestas tropicais onde o calor é escaldante a maior parte do ano e bem próximo encontramos campos de altitude com densas matas de araucárias com picos que alcançam os 2000 m e a geada cobre a paisagem de branco nos dias mais frios do inverno.
Chegando na região das pousadas.
Pousada Lageado.
Na região se cultiva as espécies de clima temperado.

Paisagem digna dos climas mais frios do país, localizada entre São Paulo e Rio de Janeiro. 
Um grande bosque de pinheirinho bravo ( Podocarpus Lambertii ), espécie abundante nas alturas da Bocaina.
O pinheirinho bravo não possui aquele formato tradicional cônico dos pinheiros. É uma conífera muito comum na Serra da Bocaina e Mantiqueira, aparecendo desde Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, sempre em regiões de altitude. Está associada a ocorrência da araucária e juntos formam os únicos pinheiros nativos do Brasil.
  


Pousada Recanto da Floresta.
Na pousada começa a trilha para a Pedra da Bacia.
Ícone da região.

Pousada Campos da Bocaina a 1600 m de altitude.

As araucárias são dominantes na paisagem da serra.


Sigo em direção a Casa de Pedra.
Moradores da Bocaina contam que no fundo dos vales espalhadas pelo interior da serra o frio é mais rigoroso e as geadas mais frequentes. Não tenho dúvidas de que esses vales são verdadeiros congeladores a céu aberto.  
Muitas araucárias a caminho da Casa de Pedra.
Tanto a vegetação quanto a altitude do local são semelhantes com as de Campos do Jordão e Monte Verde, na Serra da Mantiqueira.





Vejo a Casa de Pedra de longe e ao fundo os morros que irei subir até o Tira Chapéu.
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Casa de Pedra.


A Casa de Pedra foi construída por volta do ano 1900 , pelo Dr. Lassance, médico residente do Rio de Janeiro. Construída como residência de veraneio, contam que a esposa do Dr Lassance não se agradou com a casa. Devido o abandono a Casa de Pedra atualmente se encontra em ruínas.


A Casa de Pedra foi construída dentro dos limites da Fazenda Pinheirinho.


A Fazenda Pinheirinho é o ponto de partida para quem deseja subir o Tira Chapéu. Com o aval do proprietário é permitido deixar veículos no local e também pegar água. Lembrando que levar uma reserva de água é muito importante porque a subida ao pico não possui nenhum ponto para abastecer as garrafas.
A Fazenda Pinheirinho fica localizada próxima a um riacho com lindos bosques de mata nativa e recebeu esse nome devido a forte presença do pinheiro bravo no local.
A jovem araucária mais se parece com um pinheirinho de natal.
Sigo pela estradinha de terra que passa pela mata fechada até chegar na porteira que marca o limite da Fazenda Pinheirinho. Ao lado da porteira começa uma cerca de arame farpado que segue fiel até o cume do Tira Chapéu.
No começo a cerca sobe por um morro com forte desnível que obriga uma escalaminhada rápida. Depois de vencer esse morro a subida se torna suave e a paisagem se abre com belo visual dos campos da Bocaina.




Sigo a cerca que sobe pelo espinhaço principal até o ponto mais alto.


Visual da Fazenda Pinheirinho no fundo do vale.




Esse é o Pico do Tira Chapéu.

Durante a subida a trilha passa dentro de dois capões de mata. Mesmo dentro das matas a cerca de arame está sempre presente.

É uma vegetação situada a cerca dos 1900 m de altitude de característica nebular com árvores de pequeno e médio porte e muitas bromélias.



Saindo do primeiro capão voltando a caminhar nos campos de altitude.

Já é possível avistar a cruz localizada no topo do pico. 


Caminhando pela imensidão dos campos de altitude da serra.

Me aproximando do segundo capão que antecede o cume.
Passando pelo segundo capão  de mata.
Árvores com pequenas folhas e troncos retorcidos adaptadas ao vento constante e ao frio que nessa altitude costuma ser severo.


Após vencer o segundo capão de mata a subida se torna bastante íngreme até atingir o topo.




E ao chegar no cume do Pico do Tira Chapéu a 2088 m de altitude tenho essa impressionante vista do Pico do Frade, no município de Angra dos Reis.





É possível avistar a baía de Angra dos Reis e Paraty e também a Ilha Grande.




Visual da Pedra da Macela no município de Cunha.


O cume do Tira Chapéu é pequeno e estreito com enormes rochas.



Vista para o interior da Bocaina em direção a Bananal. É possível avistar o Pico do Caracol ( 1918 m ), ponto mais alto da Reserva Ecológica de Bananal a esquerda. O Pico do Frade ( 1574 m ) a direita e no centro da foto bem distante o Pico das Três Orelhas e Sinfrônio.

Pico do Frade.


Cruzeiro marcando o ponto mais alto a 2088 m de altitude.


Do cume temos um visual incrível que abrange toda Bocaina e parte do litoral e também a Mantiqueira que de frente nos presenteia com o imponente Pico das Agulhas Negras.

Não consigo entender como o Pico do Tira Chapéu ficou fora dos limites do Parque Nacional da Serra da Bocaina. É como imaginar o Agulhas Negras fora dos limites do Parque Nacional de Itatiaia. Atualmente não existe fiscalização e qualquer pessoa faz o que quiser no pico. No cume existe clareiras abertas na mata que já foi densa e hoje está sendo cortada para abastecer as fogueiras de quem acampa no local, sem falar no lixo que é deixado.








Mapa Topográfico da Serra da Bocaina.