quinta-feira, 26 de abril de 2018

Bairro do Charco via Horto Florestal de Campos do Jordão.

Minha aventura começou no Horto Florestal de Campos do Jordão, de onde segui por uma antiga estrada de terra feita por madeireiros até um pequeno povoado no alto da serra chamado Bairro do Charco.


É meados de abril e as araucárias estão carregadas de pinhas .

Horto Florestal de Campos do Jordão

Sigo em direção ao Bosque vermelho.



Duas casinhas isoladas no caminho.



Bosque Vermelho

Essas árvores são originárias da Europa e foram plantadas quando a região estava sendo explorada. Quando a região começou a ser preservada o Bosque Vermelho foi poupado mesmo não sendo nativo ele proporciona um belo espetáculo.
No outono as árvores ganham um colorido especial.



Saindo do Bosque Vermelho sigo em direção  ao Charco pela estradinha que sobe os contrafortes da serra. 


A estrada está repleta de pinhões.

Muitas vezes não resistia e pegava alguns pinhões.

O caminho alterna entre a mata nativa e o reflorestamento de pinus e eucaliptos.


Ganhando altitude as araucárias vão ficando mais abundantes.





Ultimo trecho de mata.

Chegada ao ponto mais alto da estrada a 1870 m de altitude.

Também é a divisa dos municípios de Campos do Jordão ( SP ) e Wenceslau Braz ( MG ).

Ao chegar no topo a estrada começa uma suave descida em direção ao pequeno povoado do Charco.


É possível avistar longínquos vales e extensas matas de araucárias.


Bairro do Charco a direita. A esquerda segue para os povoados da Roseta e Iterere.


Passando por um capão de mata nebular.

Um dos morros mais altos da região com 2020 m de altitude aparece na paisagem.


É possível avistar a trilha usada pelos romeiros que sobe pelo alto desse espigão a quase 2000 m de altitude. A trilha segue para a região conhecida como Carneiros, o mais frio local de toda região, e também para a Pousada Santa Maria da Serra. Por fim os romeiros descem a Serra do Gomeral pela estrada das Pedrinhas até a cidade de Aparecida ( SP ).





Lindos vales vão surgindo.


Esse é um pedaço ainda selvagem da Mantiqueira. A região começou a ser mais visitada depois que foram abertas trilhas de romeiros que atravessam a serra em direção a cidade de Aparecida. É bom lembrar que essa travessia é feita em região desabitada que passa por campos de altitude e matas nebulares, onde o frio é constante e no inverno chega a valores negativos facilmente.


Algumas casinhas vão surgindo.


Linda vista de uma propriedade cercada pelas araucárias que dominam a paisagem.


Desse ponto tenho a primeira visão do pequeno povoado do Bairro do Charco a 1720 m de altitude.


Chegando no Charco.

Pequenas casas coloridas de madeira.



Igrejinha do Bairro do Charco.

Uma placa indicando o caminho para a Fazenda da Onça.



O Bairro do Charco teve seu inicio com a extração de madeira que devastou grande parte da região. Com a proibição do corte poucas pessoas ficaram. No local uma madeireira ainda funciona a todo vapor. 


O clima frio do local propicia a formação de lindos bosques de araucárias e pinheirinhos bravos ( Podocarpus Lambertii ).


Belos exemplares de Podocarpus.

Essa localidade fica na transição entre os campos e as florestas.








Criação de trutas.


Placa de orientação para os romeiros.

Algumas luxuosas propriedades encantam mais ainda a paisagem.

Essa região parece ter se recuperado após um longo período de extração madeireira que devastou as encostas da serra. Um exemplo é a face da serra voltada para Wenceslau Braz que foi toda desmatada e hoje é coberta por eucaliptos e pinus .


Em uma breve conversa com um dos moradores mais antigos do Bairro do Charco, fiquei impressionado com tantas informações. Um simpático senhor de 62 anos, nascido no povoado e conhecido como Jarbas me contou fatos interessantes sobre a região . Perguntado sobre o clima local, o Sr Jarbas respondeu: Aqui faz frio o ano todo principalmente a noite, até mesmo no verão as noites são frias. As geadas começam em abril e vão até setembro, no mês de julho são quase diárias e nos dias mais frios do inverno a água congela nas torneiras e pequenas poças ficam cobertas por uma fina capa de gelo.

Conta o Sr Jarbas que no ano de 1966 nevou no Bairro do Charco pela última vez. Justamente a última ocorrência de neve em Campos do Jordão.



Sigo em direção a Wenceslau Braz para ficar em alguma pousada já que a única casa que recebe visitantes no Bairro do Charco não havia vagas.

Visual do Pico dos Marins com muita nebulosidade.
Chegada na borda do planalto com belo visual para o sul de Minas.

Do Bairro do Charco até Wenceslau Braz são cerca de 14 km


No alto da serra onde passei vindo do Charco é possível ver a encosta da serra dominada pelo reflorestamento.

Na descida passamos pelo Bairro do Quilombo, onde a paisagem é desoladora devido o desmatamento.

Final da descida.


Visual da pequena Wenceslau Braz a 1005 m de altitude.
Alguns pinhôes que peguei pelo caminho.