quarta-feira, 25 de abril de 2018

São José dos Alpes

Minha aventura começou na cidade paulista de Campos do Jordão ( 1600 m de altitude ) numa manhã fria de outono.
É meados de abril e os plátanos cobrem a cidade com suas folhas.
Sigo em direção ao Parque Estadual de Campos do Jordão ( Horto Florestal ) a 10 km da cidade.

Antes de chegar na portaria do parque tem uma placa indicando o caminho até São José dos Alpes.
Entrar a direita antes da portaria
Casas dos funcionários do parque.
A primeira vez que estive no Horto florestal foi no ano de 1996. Na ocasião conversei com um funcionário do parque sobre o clima do local e o simpático senhor respondeu: As temperaturas mais baixas da região de Campos do Jordão são registradas no Horto Florestal,  porém existe um local no alto da serra ainda mais frio chamado São José dos Alpes, mais poucos sabem porque quase ninguém sobe até lá. Já se passaram 22 anos e nunca esqueci do que ouvi naquele dia e hoje decidi subir até esse local misterioso.
No ano passado recebi duras críticas de um geólogo porque as vezes me baseio nos relatos dos moradores e também por um equívoco na colocação de uma palavra. Enfim, ainda continuo acreditando nas informações dos moradores, principalmente dos mais velhos que nasceram no local e viveram épocas mais frias que as atuais. Falando de altitude, uso um GPS e faço comparações com cartas topográficas do IBGE e também com o Google Earth.
Vila dos guardas do parque.

A estradinha de terra começa perto do Horto a aproximadamente 1500 m de altitude, subindo pela mata até o alto desses morros a mais de 1900 m de altitude.
Região dominada pela floresta ombrófila mista.
Paraíso das coníferas. 
São milhares de araucárias e pinheirinhos bravos.

A subida alterna clareiras com belos visuais e mata fechada.
É época de colheita do pinhão e a estrada está cheia deles.
Ao passar dentro dos trechos sombreados de mata fazia muito frio, mesmo com o sol forte.
Durante a subida houvia a gritaria das gralhas de topete ( Cyanocorax Cristatellus ). No passado essas matas abrigavam também a gralha azul ( Cyanocorax Caeruleus ) que desapareceu completamente da região.

   

Mirante do Pau Arcado a 1800 m de altitude.
Do mirante é possível avistar parte da cidade de Campos do Jordão.

Também é possível avistar a Pedra do Baú, o Pico do Selado e a Pedra de São Domingos.
Acima do Mirante do Pau Arcado tem uma elevação com um visual ainda mais incrível.

Chegando no alto dessa elevação descobri que estava no ponto mais alto do Horto florestal a 1907 m de altitude.
Visual do Parque Estadual de Campos do Jordão desde seu ponto mais alto.
Visual dos contrafortes das montanhas de São José dos Alpes.
 Vista da Estação de truticultura e salmonicultura do Horto Florestal.
Uma cascata no meio da mata a quase 1900 m de altitude.

Seguindo em direção ao topo

Chegando no topo da serra em frente a Fazenda Céu Estrelado.


Outra entrada da Fazenda Céu estrelado.


No alto do platô uma placa indicando o caminho ao mirante.

Sede da Fazenda Céu Estrelado a 1880 m de altitude.

Alto do Mirante de São José dos Alpes a 1900 m de altitude.



Infelizmente as nuvens insistiam em passear em frente ao mirante, impossibilitando apreciar a vista.

Em dias claros é possível avistar várias cidades do Vale do Paraíba, até mesmo a basílica de Aparecida.

Mirante São José dos Alpes.

Sigo em direção a Represa Santa Isabel.





Represa Santa Isabel a 1820 m de altitude.



Agora sigo em direção ao interior do planalto.

Uma clareira se abre com vista para o Horto.



Ao passar por essa construção encontrei um funcionário da Fazenda Lavrinhas e obtive valiosas informações sobre a região. Trabalhando no local há cerca de 3 anos, o simpático senhor disse que na região de São José dos Alpes venta muito e por ficar perto da borda da serra não é muito comum a ocorrência de geadas. Contou que geada forte mesmo é no Horto Florestal, porém havia uma localidade próxima dali que era muito mais fria que o Horto, conhecida como Carneiros onde a geada é intensa e a água congela nas torneiras.

Em direção ao Carneiros.

Mais uma clareira se abre possibilitando avistar a Pedra do Baú.


Capão de mata nebular.


A estrada chega em uma bifurcação onde a direita segue para a Pousada Santa Maria da Serra e a esquerda segue para o Carneiros.

Pousada Santa Maria da Serra a 1890 m de altitude.


Volto para a bifurcação em direção ao Carneiros. Desse ponto é possível avistar o Pico do Marins.
Morros com 2000 m de altitude cobertos por densas matas nebulares.
A maior parte desse extenso platô pertence a Fazenda Lavrinhas, que preserva o local com competência. Há várias placas alertando os visitantes sobre a importância da preservação do local. 





Um olhar em direção a borda da serra sempre encoberta.


Visual dos imensos campos com os morros que chegam a 2000 m de altitude.

Em direção ao Carneiros vão surgindo lindos vales.



Mais uma propriedade da Fazenda Lavrinhas. 
A estrada segue em direção ao interior do planalto se afastando da borda da serra, entrando em uma região de muitos morros e vales. Por conta desses grandes vales cercados de morros que chegam a 2000 m de altitude é possível imaginar o verdadeiro congelador que deve ser essa localidade. 

Esse é o verdadeiro motivo da região ser conhecida como Carneiros. 

De acordo com o funcionário da fazenda, quando eu avistasse a casa sede da Lavrinhas no alto do morro eu estaria no Carneiros. Mais precisamente no local mais frio de toda região. 
Após passar pela sede da fazenda existe um portão que permanece sempre trancado. É preciso pedir algum funcionário do local para abrir o portão, isso se você tiver a intensão de fazer a travessia até o Bairro do Charco.


Bela paisagem para um turista e desoladora para os funcionários da Fazenda Lavrinhas que enfrentam temperaturas congelantes.
A estrada continua até a última casa do planalto, onde existe uma bifurcação que seguindo em frente vai para a Serra Negra em direção da Fazenda da Onça. Pela esquerda ela sobe o espigão mais alto da região onde a trilha atinge os 1940 m de altitude, até chegar ao Bairro do charco. 

Minha aventura termina aqui no Carneiros. Em uma próxima oportunidade farei a travessia até o Charco. Essa travessia é feita por romeiros vindos de Minas Gerais que sobem a Mantiqueira desde a cidade de Wenceslau Braz ( 1005 m de altitude )  até o  Bairro do Charco ( 1720 m  de altitude ). Ela sobe por uma região selvagem da Mantiqueira até atingir o alto do espigão ( 1940 m de altitude ), e desce até o Carneiros que fica entre os 1800 e 1900 m de altitude. Os romeiros costumam pernoitar na Pousada Santa Maria da Serra ( 1890 m de altitude ) e descer a Serra do Gomeral até a cidade de Aparecida.



























































6 comentários:

  1. Muito legal...fiz parte deste seu roteiro...subi a estrada das pedrinhas, almocei na trutaria Bela Vista, visitei a pousada, infelizmente muito mal administrada num local maravilhoso e segui a estrada, na placa do mirante são José dos Alpes vi a hora e já era muito tarde e decidimos seguir, passamos pelo pilão arcado as casas dos funcionarios do Horto, abastecemos em Campos de Jordão e descemos pela Rodov Floriano até o Vale do Paraiba! Valeu o seu compartilhamento desta jornada incrivel....

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  2. Olá Mestre Justino , obrigado pelo comentário ! A Mantiqueira é um tesouro da natureza, costumo brincar que ela é um pedacinho da Serra Gaúcha e Catarinense encravada entre RJ , SP e MG. Tanto seu clima e vegetação são muito semelhantes faltando apenas a tão preciosa neve , um tanto rara nos tempos atuais... Um abraço e boa sorte

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  3. Fui pesquisar onde ficava Sao José dos Alpes, e encontro essa "aula", com fotografias suas sobre essa região...que lindo, tenho amigos que moram em Wenceslau Braz, e vem de lá á cavalo, pra Aparecida, pelo charco... Gomeral em Guaratinguetá, até Aparecida! Gratidão, viajei com vc, e suas lindas fotografias!🙏

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    1. Obrigado pelos comentários! Só quero ajudar a todos que curtem essas regiões e não conheceram ainda !

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