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Minha aventura teve início na cidade de Wencelau Braz ( MG ), onde começa a estradinha de terra no Bairro do Quilombo a 1100 m de altitude e sobe por 14 km pelas encostas da serra até o planalto acima dos 1700 m de altitude onde fica o povoado do Bairro do Charco. |
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Os primeiros 8 km de subida passamos por uma área desmatada, dominada pelo reflorestamento e pastagens. Ao atingir aproximadamente os 1600 m de altitude, logo que passamos a Fazenda Campo dos Ventos a vegetação é mais preservada e lindos mirantes vão surgindo. |
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No ano passado estive no Bairro do Charco vindo do horto florestal de Campos do Jordão e como não havia vagas na única hospedagem local, fui obrigado a descer a serra pois não estava preparado para acampar. Este ano resolvi voltar ao pequeno povoado localizado a 1720 m de altitude que fica a 14 km de Wenceslau Braz e 35 km de Campos do Jordão. Um paraíso para quem aprecia uma paisagem serrana cheia de histórias de frio e neve contadas pelos poucos habitantes desse gelado povoado. |
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A estrada até o Charco passa por densas matas de araucárias. |
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Algumas curvas bem acentuadas antecedem o pequeno povoado. |
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Neste dia não fazia muito frio e mesmo assim ao chegar no Bairro do Charco por volta das 9:00 h da manhã havia um pouco de geada. Comprovando o verdadeiro congelador natural que é esse local. |
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É muito interessante conversar com os moradores do Bairro do Charco, principalmente os mais antigos. Todos afirmam que o clima mudou muito e não faz frio como antigamente. Dizem que até a década de 90 era comum ver geadas intensas e fortes congelamentos e até a década de 60 era possível ver neve nessas montanhas. A última nevada que caiu na região foi em 1966. |
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Igreja do Charco. |
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Atrás da igrejinha tem uma elevação com um belo visual da região. |
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Visual das propriedades isoladas entre as araucárias. |
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Sigo em direção da Fazenda da Onça por uma estradinha de terra que passa pela exuberante floresta ombrófila mista que domina a região. |
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Lago da fazenda. |
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Casarão sede da Fazenda da Onça localizada entre 1600 e 1700 m de altitude numa área de mata fechada |
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Sigo um pouco além do programado em direção a Pousada do Barão. |
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A estradinha de terra segue pela mata fechada em um percurso de 16 km. |
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Um lindo visual da região se abre ao sair da mata. Imagino que aquele morro mais alto seja o Pico do Carrasco. |
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Fiquei fascinado com a paisagem que encontrei no caminho. |
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As araucárias sempre dominantes na paisagem |
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Portão da Pousada do Barão fechado. Em uma breve conversa com um senhor que vive no local fiquei surpreso ao descobrir que a pousada fechou em 1998. O solitário senhor nascido na região narrava a época em que a pousada recebia turistas e como o clima vem mudando. Contava o homem; que naquela época as árvores amanheciam congeladas e o gelo pesava nos galhos, fenômeno nunca mais visto na região. |
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De volta ao Bairro do Charco apreciando os lindos vales cobertos por densos bosques de coníferas. |
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O Bairro do Charco fica perto da divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo. Sigo em direção da divisa que fica a aproximadamente 1900 m de altitude e possui um belo visual da região. |
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A divisa dos estados passa no alto desse morro que atinge aproximadamente os 1900 m de altitude, já a estradinha de terra que vem do horto florestal atinge os 1870 m de altitude.
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Visual do alto da divisa |
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As placas marcam a divisa dos estados. |
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A direita segue para o Bairro do Charco e pela esquerda para os povoados da Roseta e Itererê. |
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Uma propriedade particular a 1800 m de altitude perto da divisa dos estados. |
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E perto da divisa o visual é impressionante. |
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É possível avistar o Bairro do Charco com suas casinhas de madeira no fundo do vale e no alto a direita o Pico dos Marins. |
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Temos um belo visual da região de Campos do Jordão. |
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Podemos avistar os contrafortes da Pedra do Baú e o Pico do Imbiri. |
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Morros de Campos do Jordão. |
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É possível avistar o observatório astronômico do Pico dos Dias com 1864 m de altitude em Brazópolis. |
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Vista para a região de Wenceslau Braz e Delfim Moreira no sul de Minas. |
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O que mais me fascina nessa localidade são os bosques de araucárias e podocarpus, muito bem preservados. |
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Pinheirinho Bravo ( Podocarpus ) junto com a araucária formam os únicos pinheiros nativos do Brasil. |
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É um local de grande importância ecológica por abrigar o que restou das araucárias em alto nível de conservação em nosso país. Até a década de 90 restava 2% da mata de araucárias, atualmente ( 2019 ) resta apenas 0,8 % . |
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No dia seguinte realizei uma travessia que tem seu início próximo a igreja e sobe pelos morros mais altos da região até uma localidade conhecida como Carneiros. Essa trilha é usada por romeiros que atravessam a região em direção ao santuário de Aparecida. |
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Descobri que ao lado de uma plantação de pinus ( foto acima ) poderia descer por uma estradinha de terra até o fundo de um vale onde encontraria a trilha principal, sendo assim evitando alguns trechos de muita lama. |
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A trilha passa pelo vale dentro da floresta e sobe até o alto desses morros que atingem os 2000 m de altitude. |
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Descendo até o vale. |
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Chegando no fundo do vale encontramos a trilha principal. |
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A trilha passa dentro da mata fechada. |
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Visual do interior da mata. |
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Algumas clareiras vão surgindo. |
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Parece uma mata nebular com araucárias. |
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A trilha é bem demarcada e é feita praticamente toda dentro da mata. |
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Uma grande clareira se abre e uma placa em um pinheirinho bravo isolado indica a direção. |
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Inicio da primeira grande subida da travessia |
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Lá embaixo avisto a floresta por onde passei horas atrás. |
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Contemplando um dos últimos refúgios selvagens da Mantiqueira. |
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Chegando no topo. |
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Ao chegar no topo a trilha entra novamente na mata. |
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Após vencer o trecho de mata, avistamos essa araucária solitária e temos inicio a segunda grande subida. |
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Ganhando altitude é possível avistar com nitidez a plantação de pinus onde comecei a caminhada ( a direita da foto ) |
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Último trecho de mata que antecede o ponto mais alto da travessia. |
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No topo a 1950 m de altitude existe uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e uma cerca que acredito ser a divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo. |
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Visual do ponto mais alto da travessia conhecido como Mirante da Santinha. |
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Este é o trecho mais perigoso para os romeiros que fazem a travessia até a cidade de Aparecida, devido o isolamento e a altitude a trilha se torna um desafio, pois o clima é imprevisível podendo ocorrer densos nevoeiros a qualquer momento e no inverno as temperaturas podem baixar a valores negativos. |
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Visual desde os 1950 m de altitude. |
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A trilha agora desce suavemente em direção ao interior do imenso platô. |
Desse ponto é possível avistar a Serra da Bocaina que fica do outro lado do Vale do Paraíba.
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Uma exuberante floresta a quase 2000 m de altitude. |
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A trilha passa dentro da floresta e depois de alguns minutos se tem inicio a terceira e ultima grande subida. |
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Ao atingir o topo se tem uma vista inusitada. É possível avistar desse ponto o Maciço das Agulhas Negras , Serra Fina e Pico dos Marins. |
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Agora uma intensa descida pela estradinha erodida. |
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Tenho a primeira vista das duas casas de propriedade da Fazenda Lavrinhas. |
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Enfim consegui chegar na região conhecida como Carneiros. |
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Neste trecho é impossível não molhar os pés. |
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Chegando nas propriedades da Fazenda Lavrinhas onde fica o portão. |
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Se o portão estiver fechado é preciso pedir ajuda aos funcionários da fazenda. |
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Visual da casa sede da Fazenda Lavrinhas no alto do morro. |
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Essa região é chamada de Carneiros e é o local mais frio de todo planalto. No local existe poucas pessoas , a maioria delas são de funcionários da fazenda Lavrinhas, já que viver a mais de 1900 m de altitude é ter que suportar uma rotina de frio o ano todo e de solidão. |
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O frio no Carneiros assusta até quem vive no local. Conta os moradores que a água congela nas torneiras e a geada já é companheira, já que começa em abril e vai até setembro. Os mais antigos relembram de invernos mais rigorosos e até queda de neve. |
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O Carneiros possui uma vegetação de campos de altitude com capões de matas nebulares. |
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Extensos vales alagados a quase 2000 m de altitude. |
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Vegetação característica dos locais mais altos da Mantiqueira. |
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Outra propriedade da Fazenda Lavrinhas. |
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Um bosque de araucárias acima dos 1900 m de altitude. |
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Deixo o Carneiros e sigo em direção a São José dos Alpes. |
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Vegetação adaptada ao frio rigoroso da região. |
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A esquerda segue para o Carneiros e pela direita segue para a Serra do Gomeral. |
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Antes de descer pela estrada das pedrinhas na Serra do Gomeral resolvi passar rapidamente pela região de São José dos Alpes. |
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A caminho de São José dos Alpes a estradinha passa dentro de lindos capões de matas nebulares. |
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Não fui muito longe porque a neblina baixa impedia apreciar a paisagem. |
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Voltei em direção ao Gomeral e cheguei na Pousada Santa Maria da Serra a 1890 m de altitude. |
A pousada é um importante ponto de descanso para os romeiros.
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Inicio da descida da Serra do Gomeral. |
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Do alto do Gomeral é possível avistar várias cidades do Vale do Paraíba, até mesmo a basílica de Aparecida. |
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Uma clareira e mais uma linda vista. |
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A Serra do Gomeral é cheia de curvas e muitas pedras soltas. |
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A estrada é muito íngreme e as pedras soltas são um verdadeiro obstáculo. |
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Vou descendo o Gomeral e deixando as terras altas e frias para trás. |
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Neste trecho já não fazia mais frio e a floresta deu lugar as pastagens e aos eucaliptos. Agora é descer mais um pouco em direção ao Vale do Paraíba até a rodovia presidente Dutra e voltar pra casa. |
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